Prece a Duas Santas Católicas

De Santa Teresa toco a face.
Olho a chaga Santa Rita
De casta esmeralda
em rubi transformada.
Choro contrita nas mãos trêmulas
Por mais um milagre
Cheia de vergonha
De ao lado de tanta lama
Pedir por quem comigo divide a cama
E se lava e se deita todo dia
E sofre e vive a alegria
Sem saber que anônima
A ocupada santa o guia
“Muero porque no muero”
Onde estão os mistérios?
Deveriam estar aqui!
Subo a mais alta árvore para cair
e sussurro de tal modo abandonada
do coração sangrando escuto: prossegue.
Na Gena nem todos estaremos
Junto à vida a ferida, dor clarão
sem janelas aconchegantes
apenas cães queimando
na penumbra onde dobra
o som estreito do pressentimento
do prenúncio de algo fúnebre.
Sangrentos pés,
em violetas calçados
pela mulher de viés
“tenham dó da pobre ”
Não há linha de graça
Sobre o rosto desenhada
Saiam da rua para que à – toa passe
E passa sorrindo
Deixando nu o hálito horrível
cheirando à placenta
A sangue, a muco e o esperma
Onde estarão os suores
Pelas suas frestas mutilados
da cobertura do vestido roto
Da calcinha suja
Do banho de uma semana atrás
Onde o último pau entrou
E misturou seu cheiro ao dela
Com a grama molhada do suor dos dois
Com a lua descarada flertando
Com os cães apenas a cena olhando
E a descendência para sempre procriando.