Os Olhos da Cidade

Os olhos da cidade pairam sobre mim.
As algaravias dos dias,
a mensagem sub-reptícia das reticências,
o usado uniforme psico-social,
desnudam os lamentos fúnebres
que esmaecem em senectudes.
Os olhares re-pousam à distância
sobre os sábios e os ávidos,
sobre os cultos e os calados
e sobre os procedimentos atávicos.
Não nego o pertencer a certa parte
em meus recônditos egos,
nem à pele, ao gen, ao pólen
gerado-fenecido alhures,
em meio à rispidez das togas
e ao inconsciente pretérito.
Ergo-me das catacumbas solitárias,
num brado nem retumbante ou heróico,
mas firme nos paradigmeus.
E vou, não célere, não fast,
no rumo dos pintassilgos cegos,
à via dos desvios e dos destinos
cambaleantes,
mas de minha propriedade só.