Estação

Ouviste o sino? Vai! O trem te espera.
Dá-lhe o corpo e sorri, com emoção
goza e grita, liberta a mulher-fera
sem mais olhar em minha direção!
Abandona-me… Segue e não pondera
que ao seu perfume corre a inspiração,
que deixa o odor da flor sem primavera
que murcha e morre, finda na estação.
Elegia! Dê-me um último soneto
ao som do trem, funéreo e preto;
um coro de vogais, rasas se abrindo.
Então, seja o enterro com poesia
se indo em marcha lenta, pela via,
disperso o amor, em só vapor sumindo.