Redação 4

Os defeitos de um texto para vestibular:

a. Uso de períodos gigantescos:
Você já sabe que parágrafos grandes geram textos muito confusos, obrigando-o(a) a usar inúmeros pronomes relativos e conjunções integrantes que. Evite parágrafos assim, prefira-os com 3 a 5 linhas no máximo. O contrário ( parágrafos muito curtos) também é erro porque fragmenta idéias ( Favor considerar que, muitas vezes, se escolhe escrever por meio de fragmentação de idéias, flashes, como estilo …)

b. Cuidado ao deslocar advérbios:
Quando você desloca um advérbio, o resultado pode ser ambíguo e, muitas vezes, ridículo:
1. Pais estão procurando filho seqüestrado pela Net.
2. “Estudante morre com tiro acidental em Ribeirão Preto.”( manchete FolhaVale, 19/12/98 p.3)
3. Trouxe esta sopa para sua mãe que está doente dentro desta panela.
4. “Covas defende queda de juros urgente” ( manchete de abertura da Folha de SPaulo, 11.1.99) (Aqui houve, como se pode observar, o uso de um adjetivo ( urgente) como se fosse advérbio ( urgentemente))

c. Títulos ruins:
O título é uma espécie de carteira de identidade da redação; é sua apresentação. Portanto, bom imaginar que o título vale ouro.
Por que, responda, o jornal Notícias Populares vende tanto? De pronto, a resposta é: porque suas manchetes são muito chamativas…
Imagine-se numa banca de jornal, em frente a revistas, jornais que anunciam: A viagem/ O dólar/ A crise/ O Planalto/A Posse.
Você compraria um jornal desses?
Nem seu corretor do vestibular “compraria” sua redação com títulos como A reforma agrária/ A violência/ A vida atual.

d. Elegância do texto:
Muitas vezes, confundimos “elegância” com beleza, defeito básico da escola Parnasiana, aliás.
Deve-se entender “elegância”do texto nossa capacidade de levá-lo até o fim com clareza, usando bem a língua portuguesa, com capacidade de saber distribuir bem os assuntos, argumentar com correção e coerência, não fragmentá-lo desnecessariamente.

Eis aqui a proposta da Fuvest/99. Abaixo, você encontrará um texto que recebeu nota dez da Fuvest.

(FUVEST 99):
Dissertação

Como você avalia a jovem geração brasileira que constitui a maioria dos que chegam agora ao vestibular? Situada, em sua maior parte, na faixa etária que vai dos dezesseis aos vinte um anos, que características essa geração apresenta? Que opinião vc tem sobre tais características?

Para tratar desse tema, você poderá, por exemplo, identificar as principais virtudes ou os defeitos que eventualmente essa jovem geração apresente; indicar quais são os valores que, de fato, ela julga mais importantes e opinar sobre eles. Você poderá, também, considerá-la quanto à formação intelectual, identificando, aí, os pontos fortes e as possíveis deficiências. Poderá, ainda, observar qual é o grau de respeito pelo outro, de consciência social, de companheirismo, de solidariedade efetiva, de conformismo ou de inconformismo que essa geração manifesta.

Refletindo sobre aspectos como os acima sugeridos, escolhendo entre eles os que você julgue mais pertinentes ou, caso ache necessário, levantando outros aspectos que você considere mais relevantes para tratar do tema proposto, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, apresentando argumentos que dêem consistência e objetividade ao seu ponto de vista.

Filhos do Capitalismo

Bianca Godói

É difícil generalizar essa jovem geração brasileira num país tão grande e cheio de diferenças sócio-culturais como o Brasil. Mas tomando como base a classe média, é possível fazer um perfil dessa geração filha da Globo, da Coca-cola e do Shopping Center.
A grande maioria dos jovens dessa geração vive em função de roupas de marca, comida “fast-food”e danceterias. Esses jovens passaram a infância “trancafiados”em apartamentos, jogando vídeo-game, e observaram desde cedo os pais fechando os vidros dos carros quando paravam no semáforo ao ignorarem o menino pobre que vinha pedir um trocado. E aí os jovens que tiveram essa infância são cobrados a terem uma atitude racional e crítica em relação ao mundo. Os que não conseguem fazê-lo são rotulados de alienados.
Se estes ditos “alienados”não têm uma posição mais solidária e dinâmica frente à vida, não é culpa totalmente deles. Eles foram educados assim, nasceram num mundo totalmente capitalista, aprenderam na televisão o quanto o dinheiro é importante e conviveram desde cedo com os valores invertidos.
A partir do momento que o governo , a escola, os pais e os meios de comunicação se empenharem em educar as crianças de uma forma mais próxima da realidade, quem sabe essas crianças formem uma geração de jovens muito mais conscientes da realidade, preocupados e solidários com os problemas sociais e com maiores virtudes?