Maricota, a Minhoca…

“Minhoca, minhoca, me dá uma beijoca!
Minhoco, minhoco, cê tá ficando louco,
você beijou errado, a boca é do outro
lado…”
Era uma vez uma minhoca chamada Maricota, porque minhocas também têm nomes, embora isso possa parecer absolutamente impossível. Maricota vivia um drama, uma tristeza sem tamanho: sempre que acordava pela manhã ( será que as minhocas dormem que nem gente?) ficava pensando se a cabeça era aquela posta no travesseirinho de terra quentinha e cheirosa, ou se aquilo era a… a… a… bunda, uai! ( dizem que minhoca nunca sabe onde é o traseiro, onde é a cabeça…) O sofrimento de Maricota era esse: qual que é qual?

esta é a minhoca do Paulo Estêvão, 9 anos.
estuda no SEPP- Pequeno Príncipe, Jacareí.
Foi crescendo, foi ficando gorda, foi ficando moça. A história da cabeça já nem tinha importância mais… Se apaixonou por um minhoco que nem ela e passaram, os dois, a ajudar a terra a ficar mais vitaminada. Vida besta, pensava Maricota: comer terra, fazer cocozinhos de terra, revirar a terra, cavar buraquinhos na terra, e, na superfície da terra, quando presa entre os dedos de um pescador, espernear antes de ser posta num anzol… Espernear??? Mas minhoca nem tem perna, ora!
Então, Maricota “coisava”, saracoteava, nas mãos do pescador. Esse era seu pesadelo: ser pega por um pescador. Sonhava com isso, que nem se lembrava mais qual era mesmo a cabeça, qual o traseiro numa minhoca, agora estava aterrorizada com a idéia de um pescador pegá-la, espetá-la num anzol e deixar que um bagre de cara feia pudesse comê-la, engoli-la, adeus Maricota!!!
Mas um dia, um dia ouviu uma conversa entre dois homens. Falavam sobre iscas artificiais, essas coisas. E disseram que minhocas era boas somente para estar na terra, melhorando a terra, cavando, fazendo pequenos túneis, essas coisas de minhoca.

esta é a minhoca do Tiago Gonçalves Silva, 11 anos,
estuda no Colégio Olavo Bilac, em SJCampos.
Ficou quietinha ali, na terra morninha e cheirosa. E nunca mais teve medo. Inda mais porque Ângelo, o minhoco, tinha feito a ela uma linda declaração de amor. E debaixo da terra quente e cheirosa, lá foram eles, felizes. Casaram, Maricota pôs muitos ovos ( sabia que minhoca bota ovinho?) e dos ovos nasceram muitas outras minhoquinhas. Todas chamadas Maricota, todas chamadas Ângelo. E viveram ali, na morna terra, felizes para sempre.