Onipotência

A primeira via é apenas o começo

desenho de genoma
estranho
imenso

As linhas do teu litoral
são emaranhados
são enigmas

e Tu
tu não és mesmo
[reconheça
desta Vida

o fiandeiro
oficial

Ilusões

Falar e não cumprir
Fazer e desistir
Querer e de repente esquecer
Amar e logo depois odiar
Agradecer apenas pelo hábito
Pequenas mentiras não prejudiciais
Decidir sem saber o porquê
Beijar e fechar os olhos a toa
O pior é criar sem dedicação
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Dois poemas de Felipe de Paula

1.
Por um momento não soube o que eram as palavras abaixo.
Não soube também
porque o céu é azul,
o sol aquece,
os pássaros voam,
as abelhas vão de flor em flor
fazer mais flor.
Não soube
porque como
e porque caminho,
porque Leia mais

Entre dos Siglos

El Tiempo comienza y termina
en cada muerte y con cada nacimiento
La Historia es un cúmulo de horrores (y de amores)
Mis tristezas se transforman tantas veces
en dientes
afilados, tantas veces
La compasión surgió a mi paso
en el encuentro con una costurera Leia mais

Poema Que Precisa Ser Liberto

Um só sentido solto
vacila errante
neste meu aparato orgânico.
Ora hesita, ora estremece, ora sucumbe…
…e vê-la é assim um sofrimento:
distende e contrai músculos,
entumece e desidrata,
corruga e amacia,
preme e liberta,
troa e Leia mais

Você Se Lembra, Mãe?

Você se lembra, mãe,
de quando a gente ia à feira juntos,
cedo do dia, quando o sol mal despontava,
mas já estava queimando forte
nas ladeiras da Bahia?
Fazíamos a lista de compras
e quanto mais dinheiro levávamos
menos comida trazíamos
A sacola Leia mais

Pedra de Luz

Ultrapasso o arco
Através da tua íris
E não encontro o tesouro perdido para sempre.
Luna rossa
Brilha sobre o anel de pedrinhas
Iluminando o ser só.
– ausência pode ser presença
numa alma que sangra Leia mais

Los Plagiadores del Cielo

“…soy del vano dedo señalado…”
Fray Luis de León
“¿Es que los rebeldes pueden ser felices?”
F. Dostoyevski

Que nadie llegue nunca,
y que nadie pregunte
por qué el cielo cayó
sobre Narciso de esta manera.
Que nadie sea como yo-plural Leia mais

Tudo Zen E Outros Poemas

O gato aparece à noite
com seu esquivo silêncio
de passos bem calculados
num jogo de paciência
as garras bem recolhidas
na concha de suas patas
O gato passeia a noite
com seu manto de togado
como se fosse um juiz
de presas resignadas
a Leia mais

O Retorno do Rio

Para que medir as longas linhas brancas,
que as nuvens soltam,
se elas costuram com tamanho certo,
as rachas do solo,
e em lençóis de águas,
o rio renasce?

Parto da natureza se espera,
e canoas esperam nas margens,
amarradas aos troncos das árvores nuas,
e no emaranhado de cipós,
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