E lá vou eu, caminhando descalça na rua das navalhas da utopia… Queria um mundo bom. Um mundo onde pudesse entrar na Internet com meu endereço, meu telefone, referências para chegar no meu lugar, sem medo de nada. Queria um mundo onde o outro não fosse o inferno, onde eu o reconhecesse
Amor em Tempos de Outrora
Lá fora era noite escura. O lampião iluminava as toalhas de crochê que cresciam sobre o colo da mãe. A filha mais velha havia feito o caçula dormir e se mantinha em silêncio.
– Menina, ocê precisa pensá no enxoval.
Ah, tormenta! Era só levar os olhos para o lado e lá vinha
Lembranças
Gosto de recordar! Lembrar das coisas alegres e , por que não, das coisas tristes também. Lembrar dos acertos da vida e também dos erros, para tirar lições para o presente. A adolescência é um campo fértil de lembranças: a primeira namorada, os encantos do primeiro amor e a primeira desilusão.
Dias Seguidos de Chuva
Dias seguidos de chuva. À noite, um ventinho mais frio insiste em cutucar meus pés por sob a coberta. Fecho os olhos e fico a imaginar o alvoroço das plantas recebendo cada gotinha em suas folhas, há tempos secas. Fecho os olhos e não consigo deixar, a exemplo do poeta, de ouvir o anjo a sussurrar:
Bobbit
Leio no Terra – lê-se cada coisa no Terra – que o Bobbit, quer reaver a arma (não está claro se faca ou tesoura) que lhe causou tanta notoriedade. Bobbit, todos haverão de lembrar não sem um certo arrepio, é aquele ex-fuzileiro-naval americano que teve o pinto decepado pela própria
Carta
Meu caro João,
Saudades. Tenho vontade de usar aqui os versos de Drummond : “Há quanto tempo já que não te escrevo/ficaram velhas todas as notícias…”, lembra? Com certeza que se lembra daquele nosso velho professor como é que era mesmo o nome dele, hein? que declamava
Um Pouco o Coração do Mundo, um Pouco Bailarina
Ah, eu sei: é tempo de descalçar sapatos, este.
Tempo de examinar a bolsa, fazendo faxina, bolsa de mulher é mesmo cheia de tanta coisa, papel aqui e ali, remédio pra dor de cabeça, dezenas de canetas inúteis, lápis que jamais serão usados, um batom que é a nossa cara, um hidratante,
Lendas Urbanas de Ipanema VII – Na Praia do Pinto, Não Se Fala no Próprio!
A festa era no clube Flamengo e para chegar lá de ônibus, tínhamos que passar por dentro da maior favela horizontal do Rio. Na verdade a “Praia do Pinto” era a única favela horizontal do Rio e se não era uma praia, também não era do Pinto – era assim como uma grande festa,
Penso em Darwin, Penso em Deus…
Parou em frente à vitrina da loja de animais e ficou olhando, incrédula, a iguana.
No aquário seco onde o bicho se encontrava, apenas uma pedra preta e luzidia, quem sabe se também vinda de Galápagos?
Fiquei olhando e pensando em Darwin.
Uma grande ternura invadiu-a: quem te
Prazer de Voar
Ele sempre irrompia de repente, como do nada, voando entre os carros na avenida de intenso trânsito, no fim da tarde. Não tomava nenhum cuidado, dava guinadas repentinas, arremetia, o cambaleio era motivo para impensáveis acrobacias buscando o reequilíbro momentâneo; adernava e alteava perigosamente,