Quando o encontrei,
naquela foto tremida,
dentro do livro amarrotado,
você sorria.
Os olhos meio-fundos,
meio-mundos,
imprecisos,
presos no tempo.
Quando o encontrei,
ao vivo, desesperado,
você chorava.
Os olhos meio-cansados,
quase-apagados,
enfeitiçados.
Mas já não éramos nós.
Presa nos quatro cantos
de ouro da foto esmaecida,
era eu quem olhava
da longa data que nos separou.
Era o livro amarelado,
onde você sorria e chorava,
onde eu chorava e sorria.
Sem reencontro.
Em separado.
Nos abismos do nunca
e do jamais.